Se o corpo é uma tela por onde a vida se inscreve, todas as nossas experiências podem desabrochar em algum momento. Antes de se tornar funkeiro, MC Marks cresceu ao som dos atabaques da umbanda, em cerimônias regidas pelas mães de santo da sua família. Seu pai, que tinha o sonho de ser músico, não esteve muito presente na sua criação. Mesmo tendo sua origem no berço do samba, quando o funk se tornou uma saída da vida difícil, ele abraçou a oportunidade e trabalhou duro para fazer dar certo.
Nesse caldeirão de lembranças, o compositor de letras motivacionais, preparou um dos maiores projetos da sua carreira, o seu primeiro álbum de pagode, chamado “Menino de Fé”. Com parcerias de Xande de Pilares, Ferrugem, Belo, Tiee, Marvvila e seu pai, Adilson Santos. O trabalho já está disponível em todas as plataformas digitais.
Lançado pela gravadora Warner Music Brasil, o projeto “Menino de fé”, idealizado e produzido por Umberto Tavares e Jefferson Junior, conta com a mistura da batida eletrônica a do funk, feito por atabaques, instrumento que marca a origem do tamborzão. Segundo Marks, “Os processos musicais do pagode e do funk, apesar de distantes, são muito parecidos, porque são ritmos periféricos que surgiram marginalizados, mas que furaram a bolha, ganharam alcance e hoje são ouvidos por todos”.
O novo projeto também contou com arranjos de Tiago Silva, um dos principais compositores do segmento. Em “Menino de Fé”, MC Marks traz suas mensagens unindo as sonoridades do pagode com o beat do funk paulista. Xande de Pilares chegou a chorar quando ouviu a faixa “Joelho No Chão”, em que faz feat., lembrando de sua avó, que até hoje reza de joelhos no chão, diariamente, para a vida no morro melhorar. Assista ao videoclipe de “Joelho No Chão” aqui. Belo colabora na canção “Por Ela”, em que narra a correria de um rapaz ambicioso em ascender com a sua parceira. E MC Marks reflete sobre a ausência do pai cantando com ele a música “De Pai Pra Filho”, em que versa: “ausência nem sempre é falta de amor”.
A temática social, tão presente no trabalho de MC Marks, permanece neste disco – mesmo quando o funkeiro fala sobre amor, como nas faixas “Confia“, que conta com Ferrugem, e “Terra do Nunca”, que tem a cantora Marvvila. Com o pagodeiro Tiee, eles cantam sobre a bala “perdida” que encontrou o cara errado na música“Dá Trabalho”. A canção “Barco a Vela“, em que leva sozinho, traz o tom motivacional em uma crônica sobre a vida na periferia. E o artista ainda regravou o seu sucesso “Deus É Por Nós”, que conta com mais de 500 milhões de streams (somando áudio e vídeo), com a base do pagode.
“Menino de Fé”, projeto paralelo à carreira do artista, foca nas questões do trabalho, da fé e da família. Ele consegue ser uma interseção entre a obra de MC Marks e a de todos os artistas convidados, que também versam sobre a fé e o amor às suas maneiras, sempre de uma perspectiva à margem. Como o artista reflete, “a origem do samba e do funk é a mesma. São sons feitos pela periferia para amortecer a vida dura. Eu sou cria do samba, mas foi no funk que pude mudar minha realidade. Este projeto de pagode foi um sonho realizado, que me emocionou bastante, mas o funkeiro continua aqui. Estou ansioso para mostrar para o público esse trabalho tão bonito”.
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